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Educação e Spinoza: Como educar?
O mito do método. Texto 3/4.

      Esse texto é a parte três de quatro de uma reflexão sobre os pensamentos do filósofo Spinoza tecidos com os fundamentos da Educação. No primeiro texto provocamos reflexões acerca da Educação utilizada como instrumento da reprodução social. No segundo texto apresentamos nossas reflexões acerca do mito da falta, ou seja, por que educar? Apresentamos agora ideias sobre o mito do método, o “como” educar.

      Analisando os escritos de Spinoza vê-se claramente que não é possível criar rotas de aprendizagem a partir das concepções de que educar é preencher lacunas. O resultado do estabelecimento prévio de conteúdos (consideração única do currículo oficial), da produção de materiais explicadores (objetos de aprendizagem pré-definidos), de determinada utilização do espaço com conhecida pré-disposição de corpos (um atrás do outro olhando para a única fonte de saber) e da realização de avaliações de saberes adquiridos que desenham o caminho certo por meio do qual ocorrerá a passagem de conhecimentos aos alunos, só produz experiências tristes, vazias de significado e distanciadoras do pensamento próprio e da própria potência. Não há método que conceda a ninguém a capacidade de fazer por nós o experimento brando e custoso que é aprender, desaprender e reaprender. Uma alternativa seriam os encontros potencializados entre corpos, alegrias, situações e saberes alheios que poderiam inspirar e voltar a nossa atenção para nossas próprias forças/potências. O trabalho em grupo, em equipe, em times ou ainda com o termo que você preferir, mas que se refira a algum tipo de condição de aprendizagem colaborativa e interativa. Seria um esforço desejado pelo educador para que os aprendizes vivenciassem, igualmente e colaborativamente, as potências que lhe são próprias. Se compreendermos o pensar como encontro e não como consequência da aplicação de métodos, seu ensino implicaria na preparação de condições que favoreçam esse encontro. As NTIC (novas tecnologias de informação e comunicação) podem servir como instrumentos facilitadores dos encontros de potências a partir das condições apropriadas trazidas por elas. Um bom exemplo seria a utilização de recursos digitais que estendem o encontro de aprendizagem para além da sala de aula presencial assim como podemos encontrar no Edmodo (ferramenta digital de rede social educativa). O professor tecedor de saberes e fazeres tem, na sociedade em rede, recursos impensáveis e quase que inesgotáveis para, no campo do modo, do método, do “como”, parir espaços e encontros onde as diversas individualidades e os diversos desejos possam interagir, tecer conhecimentos e eclodir em suas próprias potências. No próximo e último escrito dessas reflexões spinozanas sobre a educação, fomentaremos o seu pensar sobre o terceiro mito. O mito da finalidade da educação. Para que educar?

Clique aqui para acessá-lo.

Prof. Sandro Ribeiro – novembro de 2016.

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